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domingo, 24 de setembro de 2017

7.ª jornada: Moreirense - Sporting (1-1)

A boa notícia que se retira deste empate é que os primeiros pontos perdidos, neste campeonato, foram apenas à sétima jornada (e num jogo fora), o que não deixa de ser um bom arranque. A má notícia é que ficam expostas algumas deficiências no plantel e, é preciso dizer, alguma má leitura na abordagem a este jogo. É preciso dizê-lo: os jogadores não são máquinas e, depois de um arranque de época intenso (bem mais do que os nossos rivais), Jorge Jesus tem de rodar a equipa para conseguir gerir a disponibilidade física dos seus jogadores, e antes de uma dupla jornada com Barcelona e Porto, o jogo fora com o Moreirense não podia apresentar o mesmo onze inicial que muitos dos jogos anteriores. No entanto, espera-se, também, que o treinador saiba tirar as devidas leituras deste jogo para o futuro.

Hoje percebe-se que o onze mais forte, do Sporting, é com William Carvalho e Battaglia nas zonas centrais do terreno e Bruno Fernandes mais próximo do ponta de lança. Quando o jogador argentino entrou em campo, o Sporting tornou-se uma equipa mais equilibrada e, também, mais perigosa. No entanto, a ausência de Fernandes (a exibição mais discreta da época), devido a substituição, fez com que o jogo se tornasse mais directo e menos esclarecido na recta final, não conseguindo o Sporting ganhar, também, por ter faltado a sorte que existiu nas últimas vitórias sofridas (e algumas arrancadas nos últimos momentos do jogo). Alan Ruiz continua a ser uma peça a menos na equipa, apesar da sua técnica, e Bruno César, na ala esquerda, traz um jogo mais previsível e menos criativo. Iuri Medeiros teve, infelizmente, uma exibição lamentável, daquelas em que os adeptos se perguntam onde é que anda a cabeça do jovem jogador. O jovem português tem um talento inegável com a bola nos pés, mas as suas primeiras exibições com a camisola do Sporting, e num contexto obrigatoriamente mais difícil do que nas equipas para onde foi emprestado, parecem mostrar que não se encontra ainda mentalmente focado. As suas perdas de bola nos últimos minutos do jogo, com tempo e espaço para assistir a equipa para um golo urgente, são difíceis de explicar para um jogador deste nível.

Esta é a primeira de duas peças que o Sporting precisa de encontrar no mercado de inverno: um extremo-esquerdo para lutar pelo lugar com Acuña. Mas já existe um jogador, no plantel, que traz o rasgo que a equipa necessita: Daniel Podence. O jovem português seria muito importante para tirar Alan Ruiz do onze titular, mas já o vimos jogar nas alas com perigo. Espera-se que Jesus voltar a apostar nele depois de ter recuperado da sua lesão: a equipa é mais perigosa com ele. Continuamos a depender de nós para cumprir os nossos objectivos, e é já na próxima jornada que poderemos ultrapassar o novo líder do campeonato.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (6), Coates (6), Mathieu (6), Coentrão (6), William (7), Bruno Fernandes (6), Bruno César (5), Gelson (6), Alan Ruiz (5), Bas Dost (5), Battaglia (6), Doumbia (5), Iuri Medeiros (4).

terça-feira, 19 de setembro de 2017

6.ª jornada: Sporting - Tondela (2-0)

(fotografia Lusa / Mário Cruz)

Uma equipa campeã é uma equipa que sabe aproveitar todos os momentos do jogo, incluíndo aqueles onde a qualidade individual ajuda a desbloquear resultados. E pela primeira vez em muitos anos, o Sporting conta com dois jogadores, na sua equipa titular, que são exímios nos livres directos à baliza: Mathieu e Bruno Fernandes. Acrescenta-se, também, o facto de cada um bater com um pé diferente: o central francês com o pé esquerdo e o jovem português com o pé direito (não esquecemos, também, que a equipa tem outro especialista no banco de suplentes: Iuri Medeiros). Desta vez, foi Mathieu a concretizar um livre directo de forma espectacular, e para além disso, Bruno Fernandes continua a resolver jogos com remates brilhantes de meia-distância. É também nestes "pormenores", essenciais em qualquer equipa vencedora, que o Sporting se mostra mais perigoso e com mais capacidade para atingir os seus objectivos do que nos anos recentes, o que nos faz pensar, apesar de ainda estarmos no início da época, de que este é o onze titular mais forte da era de Jesus.

O Tondela foi uma equipa pouco pressionante e cedo se viu em desvantagem, o que acabou por proporcionar um jogo tranquilo ao Sporting (com uma calma e um ritmo que a equipa já pedia há algum tempo, dado o pesadíssimo calendário de Agosto). A equipa ganha uma qualidade completamente diferente com Fábio Coentrão em campo, mesmo sem grande fulgor no ataque (Acuña também este discreto em tarefas ofensivas, mas foi imperioso na posse de bola, na salvaguarda do ritmo de jogo, e nas tarefas defensivas), e William Carvalho, apesar de um início um pouco tremido, voltou a impôr a sua autoridade no centro do terreno (e que bom que é ter um jogador desta qualidade, com bola, naquela zona do terreno). Para além do golo, Bruno Fernandes cumpriu dois lugares no terreno (ao lado de William e mais perto dos avançados) com criatividade e segurança, mas parece finalmente ser na posição de segundo avançado (ou terceiro médio) que se mostra mais decisivo e interventivo no jogo da equipa (tornando-a muito mais perigosa). Jesus já não deverá fugir do trio William-Battaglia-Fernandes para a maioria dos jogos.

Iuri Medeiros, no lado direito, teve a tarefa inglória de substituir Gelson Martins, mostrando dificuldades em dar sequência ao jogo mas com bons pormenores técnicos (tendo ficado a milímetros de um excelente golo). Gelson e Iuri são dois jogadores totalmente diferentes, trazendo com duas "propostas" de jogo opostas: o primeiro na ruptura e velocidade, o segundo na posse e visão de jogo. Podem ser utilizados para diferentes momentos do jogo (e Iuri não joga apenas na direita), mas este último precisa de mais minutos para sentir-se mais entrosado e confiante (seria vantajoso se jogasse na Taça da Liga).

O jogo tímido dos laterais e extremos, nas tarefas ofensivas, ajudou a que Bas Dost apenas tivesse uma oportunidade de golo. Mas quando antes estávamos dependentes de um homem na frente, agora temos um futebol colectivo muito mais coeso e, consequentemente, mais perigoso (e com três jogadores nos dez primeiros melhores marcadores do campeonato: Bruno Fernandes com 5, Bas Dost com 4 e Gelson Martins com 3 golos). E esse é um dado essencial para os objectivos de um campeonato: uma prova de regularidade onde ganham as equipas que têm mais soluções para os obstáculos diferentes que surgem ao longo da época.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (7), Coates (7), Mathieu (8), Coentrão (7), William (8), Bruno Fernandes (8), Iuri Medeiros (6), Acuña (7), Alan Ruiz (5), Bas Dost (6), Battaglia (6), Gelson Martins (6), Bruno César (6).   

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Liga dos Campeões: Olympiakos - Sporting (2-3)

O Sporting fez aquilo que nenhuma equipa portuguesa fazia há mais de quarenta anos - vencer em casa do Olympiakos, um terreno tradicionalmente difícil -, sem fugir, contudo, à sua tradição sofredora (e quase deixando fugir uma vitória nos últimos momentos da partida, uma repetição daquilo que têm sido os últimos jogos). Jorge Jesus leu bem as deficiências defensivas do Olympiakos (enormes espaços vazios, no meio-campo defensivo, para poder explorar em contra-ataque) e lançou Doumbia (um golo e uma assistência) e Gelson (um golo), jogadores velozes e perigosos, como as principais referências da equipa. Bruno Fernandes, mais uma vez como elo criativo do meio-campo, deu muito a jogar à equipa, nas costas desses jogadores, e marcou pela quinta vez consecutiva (jogadores destes dão campeonatos), com William Carvalho a controlar e lançar operações com enorme autoridade e Battaglia, mais uma vez, a fazer uma pressão importante sobre o ataque adversário. 

Contra aquela que será uma das versões mais fracas da equipa grega nos últimos anos (o Feirense mostrou-se tacticamente mais culto e organizado do que a equipa grega, apesar de lhe ser inferior em qualidade individual), o Sporting só perdeu o controlo das operações à entrada dos descontos com dois golos do ex-bracarense Prado, muito por culpa (positiva) de Coates, que evitou males maiores em duas ocasiões anteriores na segunda parte (mais uma grande exibição e, desta vez, uma assistência, e que diferença faz, ao ataque da equipa, ter dois centrais que conseguem ser a primeira fase de construção), e, por razões opostas, de Jonathan Silva, que fez figura de fantasma perante o extremo da equipa grega (incompreensível a sua fraquíssima marcação, especialmente no último golo, onde recebeu valentes berros de Mathieu), e por uma das actuações mais fracas de Rui Patrício com a camisola do Sporting, mostrando uma insegurança (com bolas nos pés e entre postes) que já não lhe era conhecida. Críticas à parte, o Sporting fez uma exibição colectiva muito boa que lhe poderia ter dado, com um pouco mais de sorte, cerca de cinco ou seis golos de vantagem aos 90 minutos, o que demonstra a qualidade do seu jogo. Saímos da Grécia com uma demonstração clara de superioridade e de qualidade individual e com uma vitória que, em termos físicos, esperava-se bem mais desgastante. Mérito dos nossos jogadores e da estratégia montada pela equipa técnica.

Notas: Rui Patrício (5), Piccini (7), Coates (8), Mathieu (7), Jonathan Silva (4), William (8), Battaglia (7), Bruno Fernandes (8), Gelson (8), Acuña (7), Doumbia (7), Bas Dost (6), Bruno César (6), Ristovski (-).

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

#DiaDeSporting: Feirense - Sporting (e o fecho do mercado)

Depois de dois jogos na Selecção que trouxeram dois resultados positivos e uma lesão de Fábio Coentrão, assim como terminado o fecho de um mercado de transferências sempre angustiante (que, depois das alterações anunciadas pela liga inglesa, deverá sofrer outras mais, a nível da UEFA, para trazer maior regulação e estabilidade às ligas nacionais), regressamos à competição que desejamos mais vencer: o campeonato nacional. O Sporting tinha, pelo menos, cinco jogadores com muito mercado: Rui Patrício (cuja venda por valores que interessem ao clube será sempre difícil), William Carvalho, Adrien, Gelson Martins e Bas Dost. Destes jogadores, Adrien é aquele cuja venda seria mais benéfica: por estar no limite em termos de idade e potencial desportivo e financeiro (faz 29 anos no início do próximo ano), e por jogar, também, numa posição onde o Sporting se precaveu com um excelente jogador e um bom reforço (Bruno Fernandes e Battaglia, respectivamente). Qualquer outro jogador seria muito mais difícil de substituir do que Adrien Silva, e com a provável titularidade de Bruno Fernandes, no centro do meio-campo, a equipa poderá ter, nessa posição, características que favoreçam ainda mais o seu jogo ofensivo, algo determinante para a regularidade de vitórias e a conquista do campeonato. Outra boa notícia é, também, a permanência de William Carvalho, uma peça fundamental no jogo com bola e alguém cujas características seriam muito difíceis de substituir no nosso plantel (Petrovic ou Palhinha não oferecem o mesmo). Fez bem o Sporting em rejeitar as propostas que vieram por ele: a sua saída por menos de 35 milhões de euros seria sempre negativa para o clube.

Quanto ao jogo de hoje, e para além da ausência de Fábio Coentrão, Podence, a recuperar de lesão, ainda não se encontra na lista de convocados. Acuña e Coates jogaram pelas suas selecções, na América do Sul, e regressaram apenas há dois dias, pelo que a sua não-utilização poderá também estar a ser encarada (pensando, também, no primeiro jogo da Champions, já na próxima terça, contra o Olympiakos). Este é o nosso onze:

Rui Patrício, Piccini, André Pinto, Mathieu, Jonathan Silva, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson, Iuri Medeiros, Alan Ruiz, Bas Dost. 

sábado, 12 de agosto de 2017

2.ª jornada: Sporting - Vitória de Setúbal (1-0)

Não pude ver o jogo, mas pelo resumo televisivo e pela leitura de crónicas e análises, não foi difícil perceber que esta foi (mais) uma vitória sofridíssima em Alvalade. Ao contrário do que tinha anunciado José Couceiro, o Setúbal não se mostrou interessado em jogar futebol e optou por enfiar-se dentro da grande área durante os 90 minutos. É frustrante ver a falta de ambição e o mau futebol que as equipas pequenas continuam a praticar, em Portugal, quando jogam contra as equipas candidatas ao título. O futebol fica a perder.

Ao ver o onze inicial ainda antes do início da partida, já se adivinhavam as dificuldades que poderiam surgir durante o jogo. Um meio-campo composto por Battaglia e Adrien (a jogar, neste momento, por uma questão de estatuto) retira muita capacidade técnica e criativa, com bola, ao jogo da equipa, um factor decisivo quando se tem um adversário apenas interessado em defender o zero a zero. Sem William, o futuro de um Sporting eficaz está num meio-campo com Adrien a 6 e Bruno Fernandes, ao seu lado, na posição 8 (ou Battaglia, a 6, com Bruno Fernandes ao seu lado). Apesar de não ter concretizado as suas oportunidades, percebeu-se a importância que Doumbia tem nestes jogos para furar difíceis muralhas. Falta-lhe apenas um golo para ganhar a confiança necessária e tornar-se num jogador essencial neste campeonato. Não espantaria, ainda assim, que o Sporting trouxesse mais um avançado com golo, algo que Podence, neste momento, ainda não oferece à equipa (e muito defendemos a utilização deste enorme jovem jogador).

O Sporting acabou por ter a sorte do jogo, mas não vale a pena contar com ela para todos os duelos difíceis que iremos encontrar em casa. É preciso construção e criatividade desde trás, algo que William trazia, primorosamente, na primeira fase do jogo com bola. Com a sua saída, se importa trazer físico ao meio-campo, convém não esquecer o enorme valor que trazia, igualmente, ao jogo interior, à mudança rápida de flancos, à acutilância dos passes no momento de encontrar espaços certos para a última decisão e a finalização. E o único substituto à altura está em Bruno Fernandes, alguém que irá trazer tudo isso na posição de 8 e que pede, ao seu lado, a muralha defensiva de Battaglia ou um recuo de Adrien para um lugar mais defensivo, onde a sua disponibilidade física e agressividade certamente se fará valer e onde poderá, inclusivamente, construir os últimos anos da sua carreira.

Resta sublinhar a boa exibição de Mathieu (e a sua capacidade de liderança, trazendo finalmente a sua experiência para dentro de campo), assim como os zero golos sofridos em dois jogos do campeonato. Quase que temos vontade de citar outros treinadores e dizer: "o caminho faz-se caminhando...". Terça-feira há mais.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

1.ª jornada: Aves - Sporting (0-2)

Num jogo ainda a ritmo de pré-época (lento e conservador no ritmo), o recém-promovido Desportivo das Aves acabou por ser o arranque ideal para cimentar rotinas no grupo, exibir maior segurança a defender e maior coesão entre sectores, e poder voltar a casa com uma vitória motivadora, no arranque do campeonato, com zero golos sofridos (quantas vezes conseguimos essa estatística na época passada?). O Sporting manteve sempre o controlo da operações da partida, com excepção de um par de erros defensivos de Piccini na faixa direita (que se mostrou seguro, no entanto, no trabalho com Gelson) e nos últimos minutos da primeira parte, quando inexplicavelmente deu a bola ao Aves numa altura em que o seu guarda-redes se encontrava lesionado em campo, à espera que a bola não lhe chegasse à baliza (e já depois de ter sido assistido pela equipa médica).

Apesar do pouco ritmo competitivo, Jesus deu os lugares centrais do meio-campo à dupla William/Adrien, puxando Bruno Fernandes para um lugar menos confortável de segundo avançado (deixando Podence no banco). Como esperado, a exibição tanto de Adrien e Fernandes foi intermitente, com o primeiro a resguardar-se para tarefas mais defensivas (com vários passes errados e perdas de bola na construção atacante) e o segundo sem grande entrosamento com os jogadores à sua volta (mas, ainda assim, bastante envolvido no ataque da equipa, com um bom remate que quase inaugurou o marcador).

Embora os dois golos tenham vindo de Gelson Martins, a grande figura da equipa foi Acuña: muita solidariedade e força a defender, muita inteligência e talento a atacar (uma boa assistência, em esforço, para o primeiro golo, e alguns remates muito perigosos a meia-distância), e muita presença no jogo interior da equipa. O extremo argentino promete ser, sem dúvida, um reforço essencial para o resto do campeonato. Podence, a entrar na segunda parte, mexeu com o jogo numa altura em que o Aves já sentia uma maior quebra física, e ofereceu um passe a rasgar a defesa (como vem sendo hábito quando participa no jogo) que Bas Dost (incrivelmente) não soube aproveitar. Com Podence em campo, o jogo do Sporting muda muito e aceita o elemento de risco que, muitas vezes, não está disposto a correr na maior parte do tempo. Destaque ainda para a boa entrada de Battaglia, um jogador que oferece músculo e uma segurança defensiva que muita falta nos fez na época passada.

A próxima jornada é já na sexta-feira, em casa, contra o Vitória de Setúbal (às 20h30), poucos dias antes da primeira mão de um playoff de acesso à Liga dos Campeões que, contra todas as expectativas, se tornou favorável às nossas aspirações. Todas as condições estão reunidas para termos um início de época que pode engatar a equipa para uma boa série de resultados.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (6), Coates (8), Mathieu (7), Coentrão (7), William (8), Adrien (6), Gelson (7), Acuña (8), Bruno Fernandes (6), Bas Dost (6), Podence (7), Battaglia (7).

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A questão dos três centrais

Jesus jogou pelo seguro (afinal, os resultados da pré-época também são importantes) e colocou William a jogar a central em vez de Palhinha ou do promissor Demiral (jovem da equipa B). Ao lado de Tobias (muito inseguro, ainda, para ser opção no Sporting), William distribuiu segurança e classe, com e sem bola, na última linha defensiva da equipa, mostrando que é opção mais do que válida para o lugar em caso de lesões ou castigos (o "tampão" Battaglia e a inoperância ofensiva da Fiorentina também ajudou a manter a baliza limpa, o que serve para relembrar o bom trabalho de Paulo Sousa à frente da equipa italiana).

Jesus poderá ter ficado ainda mais tentado em voltar a experimentar o 3-5-2 como sistema táctico (com William a terceiro central). No entanto, e mais do que uma questão táctica, coloca-se aqui uma questão estratégica para o treinador. Depois de dois anos em que apenas venceu uma Supertaça (e de um segundo campeonato desastroso), Jesus deverá também colocar todas as fichas nas rotinas já estabelecidas da equipa desde que assumiu o seu comando. Com um plantel que nos parece superior e mais bem preparado do que na época anterior, a equipa ganha confiança a explorar as rotinas conhecidas por (quase) todos, em dar lugar aos jogadores mais rápidos e criativos na construção e no ataque, e em deixar, pelo menos para já, algumas experiências que precisem de mais tempo e maior adaptação para momentos de maior confiança. O Sporting aposta forte, no mercado, para vencer rapidamente, pelo que o treinador deverá também acompanhar esse raciocínio e explorar as soluções mais eficazes. Nesse ponto, e com excepção de previsíveis adaptações a adversários mais exigentes, acreditamos que Jesus irá obedecer ao mesmo desejo de vencer.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Petrovic, o reforço inesperado (e o meio-campo, ou a segunda revolução no Sporting)

É cedíssimo, ainda, para tirar conclusões a partir de um primeiro jogo de pré-época, mas tal como o Lateral Esquerdo explica (e bem, como sempre), o Sporting parece estar a ganhar um reforço para o meio-campo e alguém que, surpreendentemente, poderá entrar na luta pela titularidade com uma possível saída de William Carvalho: Petrovic. No mesmo post, podemos notar as primeiras dificuldades de Battaglia e Mattheus em acompanhar as dinâmicas ofensivas, no esquema de Jesus, e a ocupação dos espaços com bola (algo que se resolve, essencialmente, com treino). Jesus também parece estar a preparar, e bem, um Sporting sem William e sem Adrien, dois jogadores cuja saída do clube poderá estar mais ou menos alinhavada. Mas mais ainda do que isso, Jesus vai provavelmente testar, em todos os jogos de preparação, um esquema de três centrais (algo que se demonstra, também, no mesmo post), e que poderá abrir a porta a elementos como Francisco Geraldes (fingers crossed), enquanto terceiro médio, na zona mais próxima do ponta-de-lança.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Doumbia: o segundo...

O Sporting conhece muito bem Doumbia: em dois jogos de eliminatória para a fase de grupo da Liga dos Campeões, em 2015, o avançado costa-marfinense marcou três vezes pelo CSKA, mostrando-se decisivo para a qualificação da equipa russa. A partir da próxima época, fará companhia a Bas Dost, e torna-se na segunda contratação, neste defeso, com qualidade e estatuto para entrar de caras no onze inicial da equipa.

Doumbia tem características diferentes de Bas Dost, logo, traz um perfil que parece ter o suficiente para formar uma excelente dupla com o holandês: rápido, móvel, importante nas transições, é um tipo de segundo avançado a que Jesus se habituou nas suas épocas no Benfica e que, acima de tudo, marcou sempre muitos golos pelos clubes onde passou. Com os dois avançados ao melhor nível, Dost e Doumbia poderão trazer 50 golos à equipa numa só época: é essa a expectativa que o clube coloca nos jogadores e uma estatística que poderá aproximar o Sporting, de forma decisiva, da conquista do título.

A contratação de Doumbia traz outro sinal muito positivo da direcção: ao contrário dos últimos anos, o Sporting conseguiu bater a (forte) concorrência que existia pelo jogador, mostrando um nível de prospecção e, sobretudo, de capacidade financeira que é decisiva para um clube que deseja ser campeão (a mesma que faltou para trazer Mitroglou, por exemplo, para os lados de Alvalade). Em termos desportivos, cresce a concorrência para a frente de ataque, sobretudo quanto ao estatuto de Daniel Podence, que deverá surgir mais vezes nas alas. Com a chegada de (pelo menos) mais um extremo, reduz-se o espaço para Francisco Geraldes e Iuri Medeiros continuarem no clube, embora seja crível que Adrien, William ou Gelson possam não continuar em Portugal no próximo ano. Adivinham-se mais mexidas num mercado, como já dissemos, que poderá revolucionar o onze de Alvalade.

terça-feira, 16 de maio de 2017

A quebra na qualidade de jogo na era de Jesus

Uma das questões pouco faladas quando se discute a quebra na qualidade de jogo do Sporting entre a época passada e a que agora termina está no desaparecimento do jogo interior. Mais ainda do que as contratações falhadas que pouco ou nada acrescentaram à equipa (com a excepção óbvia de Bas Dost), o Sporting passou a jogar com jogadores diferentes que trouxeram um jogo diferente. Há questões que saltam à vista: os jogadores jogam mais afastados uns dos outros, há menos entre-ajuda e solidariedade, e as decisões que cada um tomam, por consequência, parecem menos eficientes. 

No ano passado, o Sporting jogava com Slimani a primeiro avançado, jogador cuja palavra "solidariedade" estava escrita na alma, com Teo Gutiérrez a apoiar, e, como falsos extremos, João Mário e Bryan Ruiz. Até André Carrillo, nos poucos jogos que fez com a equipa, entrava constantemente da faixa para o centro do terreno, um movimento que fez explodir o jogo de João Mário e fazê-lo concentrar-se nos seus melhores atributos: a organização de jogo e o último passe (em vez de ser obrigado a finalizar como lhe era pedido no 4-3-3 de Marco Silva, algo que não está nas suas características). Nesta época, a saída de João Mário deu entrada a um endiabrado diamante: Gelson Martins. Com Gelson, um extremo de estonteante técnica e velocidade, o Sporting ganha muito na imprevisibilidade (algo que lhe faltava no ano anterior) mas perde na troca de bola, na tomada de decisão e no último passe (algo que só pode ser trabalhado com o tempo). Com a saída de Teo, um "patinho-feio" que pecou pela falta de golo na primeira volta do campeonato mas que era essencial nas manobras centrais e no posicionamento da equipa, entrou Alan Ruiz, jogador talentoso mas pouco adaptado ao ritmo de jogo do Sporting. Dost também precisou do seu tempo de adaptação e só agora aparece mais envolvido nas manobras ofensivas.

Dito isto, não há como negar: se a equipa apresentava um forte jogo colectivo no ano passado (como não se via em Alvalade há muitos anos), hoje, dez jogadores jogam para um jogador-alvo (Dost), que espera e desespera para que lhe cheguem bolas em condições, bolas essas que lhe são entregues com maior distância do que as que chegavam a Slimani (aumentando, assim, o risco de falhanço). Estas, ao contrário do ano anterior (e de um jogo apoiado pelo centro), chegam, portanto, com mais metros de distância, a partir das faixas, e sem jogo apoiado. Pior ainda, os dois laterais da equipa não parecem capazes de acompanhar o jogo ofensivo e arriscar movimentações com os respectivos extremos ou o meio-campo, preferindo correr até ao fim da linha, arriscar o um-para-um, e mandar para bola para a área à espera que calhe na cabeça de Dost. Schelotto, um jogador que repete constantemente esta decisão, alheia-se, assim, totalmente do jogo de que uma equipa como o Sporting precisaria. Surpreende, também, que este seja o jogo hoje adoptado por Jorge Jesus, alguém que sempre trabalhou outros princípios na sua carreira.

Há dois jogadores no plantel que poderiam "obrigar" o Sporting a jogar de maneira diferente. Francisco Geraldes tem as características que fez de João Mário um grande jogador: alguém que entende o jogo interior como poucos e que pode ser adaptado a uma das alas para aí fazer florescer as suas capacidades de passe, de organização, de posse de bola, e de decisão. Por fim, Daniel Podence, possivelmente um jogadores de maior talento e futuro em todo o plantel do Sporting, é um jogador que vive para rasgar linhas, assistir, e arriscar o remate ao mínimo espaço (e a sua estatura especial encontra-a). Não necessitam de adaptação, estão identificados com o clube, e já pertencem aos seus quadros. Vê-los jogar juntos, num meio-campo apoiado por William Carvalho e Adrien (que agradeceria uma colaboração em zonas do meio-campo onde Geraldes pode entrar), Gelson, Podence e Dost mudaria radicalmente o jogo da equipa, acrescentando-lhe canais de ataque, ruptura de linhas, criatividade e objectividade, e um crescimento que, através da aprendizagem, tocaria muitas mais vezes em altos do que baixos. Para isso, terá o treinador de correr esse risco. São momentos, mais ainda do que os seus planos tácticos, que também definem o seu trabalho.