terça-feira, 19 de setembro de 2017

6.ª jornada: Sporting - Tondela (2-0)

(fotografia Lusa / Mário Cruz)

Uma equipa campeã é uma equipa que sabe aproveitar todos os momentos do jogo, incluíndo aqueles onde a qualidade individual ajuda a desbloquear resultados. E pela primeira vez em muitos anos, o Sporting conta com dois jogadores, na sua equipa titular, que são exímios nos livres directos à baliza: Mathieu e Bruno Fernandes. Acrescenta-se, também, o facto de cada um bater com um pé diferente: o central francês com o pé esquerdo e o jovem português com o pé direito (não esquecemos, também, que a equipa tem outro especialista no banco de suplentes: Iuri Medeiros). Desta vez, foi Mathieu a concretizar um livre directo de forma espectacular, e para além disso, Bruno Fernandes continua a resolver jogos com remates brilhantes de meia-distância. É também nestes "pormenores", essenciais em qualquer equipa vencedora, que o Sporting se mostra mais perigoso e com mais capacidade para atingir os seus objectivos do que nos anos recentes, o que nos faz pensar, apesar de ainda estarmos no início da época, de que este é o onze titular mais forte da era de Jesus.

O Tondela foi uma equipa pouco pressionante e cedo se viu em desvantagem, o que acabou por proporcionar um jogo tranquilo ao Sporting (com uma calma e um ritmo que a equipa já pedia há algum tempo, dado o pesadíssimo calendário de Agosto). A equipa ganha uma qualidade completamente diferente com Fábio Coentrão em campo, mesmo sem grande fulgor no ataque (Acuña também este discreto em tarefas ofensivas, mas foi imperioso na posse de bola, na salvaguarda do ritmo de jogo, e nas tarefas defensivas), e William Carvalho, apesar de um início um pouco tremido, voltou a impôr a sua autoridade no centro do terreno (e que bom que é ter um jogador desta qualidade, com bola, naquela zona do terreno). Para além do golo, Bruno Fernandes cumpriu dois lugares no terreno (ao lado de William e mais perto dos avançados) com criatividade e segurança, mas parece finalmente ser na posição de segundo avançado (ou terceiro médio) que se mostra mais decisivo e interventivo no jogo da equipa (tornando-a muito mais perigosa). Jesus já não deverá fugir do trio William-Battaglia-Fernandes para a maioria dos jogos.

Iuri Medeiros, no lado direito, teve a tarefa inglória de substituir Gelson Martins, mostrando dificuldades em dar sequência ao jogo mas com bons pormenores técnicos (tendo ficado a milímetros de um excelente golo). Gelson e Iuri são dois jogadores totalmente diferentes, trazendo com duas "propostas" de jogo opostas: o primeiro na ruptura e velocidade, o segundo na posse e visão de jogo. Podem ser utilizados para diferentes momentos do jogo (e Iuri não joga apenas na direita), mas este último precisa de mais minutos para sentir-se mais entrosado e confiante (seria vantajoso se jogasse na Taça da Liga).

O jogo tímido dos laterais e extremos, nas tarefas ofensivas, ajudou a que Bas Dost apenas tivesse uma oportunidade de golo. Mas quando antes estávamos dependentes de um homem na frente, agora temos um futebol colectivo muito mais coeso e, consequentemente, mais perigoso (e com três jogadores nos dez primeiros melhores marcadores do campeonato: Bruno Fernandes com 5, Bas Dost com 4 e Gelson Martins com 3 golos). E esse é um dado essencial para os objectivos de um campeonato: uma prova de regularidade onde ganham as equipas que têm mais soluções para os obstáculos diferentes que surgem ao longo da época.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (7), Coates (7), Mathieu (8), Coentrão (7), William (8), Bruno Fernandes (8), Iuri Medeiros (6), Acuña (7), Alan Ruiz (5), Bas Dost (6), Battaglia (6), Gelson Martins (6), Bruno César (6).