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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Doumbia: o segundo...

O Sporting conhece muito bem Doumbia: em dois jogos de eliminatória para a fase de grupo da Liga dos Campeões, em 2015, o avançado costa-marfinense marcou três vezes pelo CSKA, mostrando-se decisivo para a qualificação da equipa russa. A partir da próxima época, fará companhia a Bas Dost, e torna-se na segunda contratação, neste defeso, com qualidade e estatuto para entrar de caras no onze inicial da equipa.

Doumbia tem características diferentes de Bas Dost, logo, traz um perfil que parece ter o suficiente para formar uma excelente dupla com o holandês: rápido, móvel, importante nas transições, é um tipo de segundo avançado a que Jesus se habituou nas suas épocas no Benfica e que, acima de tudo, marcou sempre muitos golos pelos clubes onde passou. Com os dois avançados ao melhor nível, Dost e Doumbia poderão trazer 50 golos à equipa numa só época: é essa a expectativa que o clube coloca nos jogadores e uma estatística que poderá aproximar o Sporting, de forma decisiva, da conquista do título.

A contratação de Doumbia traz outro sinal muito positivo da direcção: ao contrário dos últimos anos, o Sporting conseguiu bater a (forte) concorrência que existia pelo jogador, mostrando um nível de prospecção e, sobretudo, de capacidade financeira que é decisiva para um clube que deseja ser campeão (a mesma que faltou para trazer Mitroglou, por exemplo, para os lados de Alvalade). Em termos desportivos, cresce a concorrência para a frente de ataque, sobretudo quanto ao estatuto de Daniel Podence, que deverá surgir mais vezes nas alas. Com a chegada de (pelo menos) mais um extremo, reduz-se o espaço para Francisco Geraldes e Iuri Medeiros continuarem no clube, embora seja crível que Adrien, William ou Gelson possam não continuar em Portugal no próximo ano. Adivinham-se mais mexidas num mercado, como já dissemos, que poderá revolucionar o onze de Alvalade.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Bruno Fernandes: o primeiro

O jovem internacional e capitão da selecção sub-21 é o primeiro reforço do Sporting, para a nova época, com qualidade para entrar directamente no onze titular. Em termos técnicos, vem colmatar uma das maiores lacunas do plantel: alguém que consiga substituir Adrien no meio-campo e que, para além de unir as peças da equipa, traga golo nos pés e poder de remate fora da área. No perfil, é algo que mostra uma estratégia acertada por parte do scouting do clube (o que não deixa de ser refrescante): português, jovem, com enorme potencial, e com quatro épocas de experiência numa das ligas de maior exigência táctica no mundo (a Serie A). Fernandes é uma boa contratação e alguém com potencial para se tornar num símbolo do clube e numa futura grande venda (veremos se chegará a tal ponto, mas é essa a expectativa que o clube lhe coloca em cima, tal como se vê pela cláusula de 100 milhões). Por fim, a contratação mostra também que o Sporting está a entrar, finalmente, no campeonato financeiro dos seus concorrentes. Depois de Dost, Bruno Fernandes é a segunda contratação mais cara do clube, tendo ambos custado entre os 8 e 10 milhões de euros, valores normais para um candidato ao título. Pelos rumores do mercado, o Sporting não deve ficar por aqui, e parece procurar fechar jogadores que poderiam facilmente jogar nos seus rivais directos e estrangeiros, algo que poderá também indicar que Semedo não será a única venda do clube antes do início da época (e pela quantidade de extremos que vêm surgindo no radar, não nos surpreenderia uma saída de Gelson Martins). One down, more to go.

terça-feira, 16 de maio de 2017

A quebra na qualidade de jogo na era de Jesus

Uma das questões pouco faladas quando se discute a quebra na qualidade de jogo do Sporting entre a época passada e a que agora termina está no desaparecimento do jogo interior. Mais ainda do que as contratações falhadas que pouco ou nada acrescentaram à equipa (com a excepção óbvia de Bas Dost), o Sporting passou a jogar com jogadores diferentes que trouxeram um jogo diferente. Há questões que saltam à vista: os jogadores jogam mais afastados uns dos outros, há menos entre-ajuda e solidariedade, e as decisões que cada um tomam, por consequência, parecem menos eficientes. 

No ano passado, o Sporting jogava com Slimani a primeiro avançado, jogador cuja palavra "solidariedade" estava escrita na alma, com Teo Gutiérrez a apoiar, e, como falsos extremos, João Mário e Bryan Ruiz. Até André Carrillo, nos poucos jogos que fez com a equipa, entrava constantemente da faixa para o centro do terreno, um movimento que fez explodir o jogo de João Mário e fazê-lo concentrar-se nos seus melhores atributos: a organização de jogo e o último passe (em vez de ser obrigado a finalizar como lhe era pedido no 4-3-3 de Marco Silva, algo que não está nas suas características). Nesta época, a saída de João Mário deu entrada a um endiabrado diamante: Gelson Martins. Com Gelson, um extremo de estonteante técnica e velocidade, o Sporting ganha muito na imprevisibilidade (algo que lhe faltava no ano anterior) mas perde na troca de bola, na tomada de decisão e no último passe (algo que só pode ser trabalhado com o tempo). Com a saída de Teo, um "patinho-feio" que pecou pela falta de golo na primeira volta do campeonato mas que era essencial nas manobras centrais e no posicionamento da equipa, entrou Alan Ruiz, jogador talentoso mas pouco adaptado ao ritmo de jogo do Sporting. Dost também precisou do seu tempo de adaptação e só agora aparece mais envolvido nas manobras ofensivas.

Dito isto, não há como negar: se a equipa apresentava um forte jogo colectivo no ano passado (como não se via em Alvalade há muitos anos), hoje, dez jogadores jogam para um jogador-alvo (Dost), que espera e desespera para que lhe cheguem bolas em condições, bolas essas que lhe são entregues com maior distância do que as que chegavam a Slimani (aumentando, assim, o risco de falhanço). Estas, ao contrário do ano anterior (e de um jogo apoiado pelo centro), chegam, portanto, com mais metros de distância, a partir das faixas, e sem jogo apoiado. Pior ainda, os dois laterais da equipa não parecem capazes de acompanhar o jogo ofensivo e arriscar movimentações com os respectivos extremos ou o meio-campo, preferindo correr até ao fim da linha, arriscar o um-para-um, e mandar para bola para a área à espera que calhe na cabeça de Dost. Schelotto, um jogador que repete constantemente esta decisão, alheia-se, assim, totalmente do jogo de que uma equipa como o Sporting precisaria. Surpreende, também, que este seja o jogo hoje adoptado por Jorge Jesus, alguém que sempre trabalhou outros princípios na sua carreira.

Há dois jogadores no plantel que poderiam "obrigar" o Sporting a jogar de maneira diferente. Francisco Geraldes tem as características que fez de João Mário um grande jogador: alguém que entende o jogo interior como poucos e que pode ser adaptado a uma das alas para aí fazer florescer as suas capacidades de passe, de organização, de posse de bola, e de decisão. Por fim, Daniel Podence, possivelmente um jogadores de maior talento e futuro em todo o plantel do Sporting, é um jogador que vive para rasgar linhas, assistir, e arriscar o remate ao mínimo espaço (e a sua estatura especial encontra-a). Não necessitam de adaptação, estão identificados com o clube, e já pertencem aos seus quadros. Vê-los jogar juntos, num meio-campo apoiado por William Carvalho e Adrien (que agradeceria uma colaboração em zonas do meio-campo onde Geraldes pode entrar), Gelson, Podence e Dost mudaria radicalmente o jogo da equipa, acrescentando-lhe canais de ataque, ruptura de linhas, criatividade e objectividade, e um crescimento que, através da aprendizagem, tocaria muitas mais vezes em altos do que baixos. Para isso, terá o treinador de correr esse risco. São momentos, mais ainda do que os seus planos tácticos, que também definem o seu trabalho.