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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Um mercado (quase) bom


As expectativas eram baixas, depois do desastroso planeamento da época anterior, em relação ao novo mercado de transferências: um conjunto de más decisões, entre contratações, empréstimos, e dispensas, para além de quatro treinadores, que fizeram da primeira época inteira da administração de Frederico Varandas uma das piores do currículo desportivo do clube (talvez apenas ultrapassada pelo famoso 7.º lugar de Godinho Lopes). Se uma das suas piores decisões conseguiu mesmo ser repetida (a indesculpável incapacidade em reforçar o plantel com um novo avançado, fazendo com se inicie a época sem um avançado-centro da confiança do treinador), é importante afirmar, ainda assim, que as restantes abordagens ao mercado foram positivas.

De todos os sectores, o meio-campo foi aquele que sofreu maiores transformações: Palhinha, Matheus Nunes, Daniel Bragança, Pedro Gonçalves e João Mário formam um interessantíssimo grupo de jogadores, sobretudo após a chegada deste último. Talvez uma das maiores cartadas deste defeso, o internacional português, formado em Alcochete, é um elemento que eleva o plantel do Sporting para um patamar superior e permite encarar a luta pelo terceiro lugar (que dá acesso, este ano, à pré-eliminatória da Champions) com outra estabilidade e confiança. Desejoso de participar no campeonato da Europa (a realizar-se no próximo ano), João Mário trará a determinação necessária para aumentar índices de competitividade e ajudar jovens jogadores, à sua volta, a ganharem experiência e conhecimento sobre o jogo. Nas alas, a dupla do meio-campo (que poderá variar consoante as necessidades defensivas ou ofensivas) será acompanhada por dois laterais que têm todas as capacidades para construir e fazer chegar a bola a zonas de finalização: Porro (jogador que, ainda assim, apresenta carências defensivas) e Nuno Mendes, um jovem de 18 anos que já espalha magia, nos relvados, e que poderá vir a ser um dos melhores laterais esquerdos do futebol internacional.

Com a inexistência de uma referência ofensiva indiscutível (a última peça que tornaria o plantel do Sporting numa equipa verdadeiramente competitiva), Rúben Amorim tem trabalhado uma grande variação posicional no trio da frente. Entre Pedro Gonçalves, Tiago Tomás, Tabata, Plata, Nuno Santos (mais adequado à ala), Vietto ou Jovane (estes dois frequentemente adaptados à posição de "falso nove"), o Sporting consegue dinâmicas ofensivas interessantes que dão a volta, de certo modo, à ausência de um avançado que seja o centro do seu jogo (alguém que se envolva na construção, que crie, e que finalize: um avançado completo que não é Sporar, ainda pouco agressivo e algo ausente, ou Luiz Phellype, mais focado no momento da finalização e menos no envolvimento com os colegas).

A baliza foi reforçada com Adán, alguém que, apesar da má exibição frente ao LASK, traz segurança à defesa e permitirá outra evolução a Luís Maximiano, guarda-redes jovem de enorme potencial. É na defesa, por fim, que se encontram os elos mais fracos: Feddal (bom no passe mas fraco nas abordagens defensivas e na decisão) e Neto (eficiente no compromisso defensivo, mas pouco mais). Talvez seja demasiado pedir a Amorim para rodear Coates com dois excelentes mas inexperientes defesas: Eduardo Quaresma e o esquerdino Gonçalo Inácio. Compreende-se a decisão de proteger a evolução de jogadores que, ainda no ano passado, jogavam na Liga Revelação e transitaram directamente para o futebol sénior. Mas é em ambos que existe maior qualidade para a linha defensiva e a sua capacidade de construção (essencial numa linha de três centrais). A eles pertencerá o futuro (próximo) da defesa do Sporting.

Uma nota final para as questões financeiras: conhecidas as dificuldades do clube, o Sporting optou pela compra de 50% do passe em várias das suas aquisições, um modelo de gestão que dificulta a rentabilização de activos no futuro. Com uma gestão cuidada, ao longo da época, e uma possível (mas difícil) qualificação para a Liga dos Campeões, talvez o Sporting consiga reforçar esses investimentos, manter a base do plantel, e trazer dois ou três jogadores que reforcem as carências ainda existentes. Esta parece ser, finalmente, a primeira época de transição para o Sporting do futuro. Resta à administração preservar o caminho traçado e oferecer, no próximo mandato, as melhores condições possíveis para termos uma equipa que permita lutar pelo título.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

#DiaDeSporting: Feirense - Sporting (e o fecho do mercado)

Depois de dois jogos na Selecção que trouxeram dois resultados positivos e uma lesão de Fábio Coentrão, assim como terminado o fecho de um mercado de transferências sempre angustiante (que, depois das alterações anunciadas pela liga inglesa, deverá sofrer outras mais, a nível da UEFA, para trazer maior regulação e estabilidade às ligas nacionais), regressamos à competição que desejamos mais vencer: o campeonato nacional. O Sporting tinha, pelo menos, cinco jogadores com muito mercado: Rui Patrício (cuja venda por valores que interessem ao clube será sempre difícil), William Carvalho, Adrien, Gelson Martins e Bas Dost. Destes jogadores, Adrien é aquele cuja venda seria mais benéfica: por estar no limite em termos de idade e potencial desportivo e financeiro (faz 29 anos no início do próximo ano), e por jogar, também, numa posição onde o Sporting se precaveu com um excelente jogador e um bom reforço (Bruno Fernandes e Battaglia, respectivamente). Qualquer outro jogador seria muito mais difícil de substituir do que Adrien Silva, e com a provável titularidade de Bruno Fernandes, no centro do meio-campo, a equipa poderá ter, nessa posição, características que favoreçam ainda mais o seu jogo ofensivo, algo determinante para a regularidade de vitórias e a conquista do campeonato. Outra boa notícia é, também, a permanência de William Carvalho, uma peça fundamental no jogo com bola e alguém cujas características seriam muito difíceis de substituir no nosso plantel (Petrovic ou Palhinha não oferecem o mesmo). Fez bem o Sporting em rejeitar as propostas que vieram por ele: a sua saída por menos de 35 milhões de euros seria sempre negativa para o clube.

Quanto ao jogo de hoje, e para além da ausência de Fábio Coentrão, Podence, a recuperar de lesão, ainda não se encontra na lista de convocados. Acuña e Coates jogaram pelas suas selecções, na América do Sul, e regressaram apenas há dois dias, pelo que a sua não-utilização poderá também estar a ser encarada (pensando, também, no primeiro jogo da Champions, já na próxima terça, contra o Olympiakos). Este é o nosso onze:

Rui Patrício, Piccini, André Pinto, Mathieu, Jonathan Silva, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson, Iuri Medeiros, Alan Ruiz, Bas Dost. 

sábado, 1 de julho de 2017

Mathieu: o (quarto) central

A vinda de Jérémy Mathieu acabou por se oficializar nos contornos mais estranhos. O central francês ficará "à experiência" durante três semanas no plantel antes de se anunciar oficialmente a sua contratação, uma solução que, aparentemente, permite o jogador treinar com o Sporting enquanto trata da sua desvinculação com o Barcelona. Esta solução pode permitir ao clube verificar o estado físico do jogador e os seus próprios índices de motivação, mas tudo leva a crer que se trata apenas de uma questão burocrática antes do anúncio oficial.

Mathieu poderá ser um elemento valioso na liga portuguesa e um jogador que, ao contrário de Rúben Semedo, acrescenta experiência ao sector mais recuado da equipa. Canhoto, poderá jogar no lado esquerdo da defesa, deixando Coates preocupar-se com a posição onde melhor rende. O defesa tem também capacidade de passe e saída de bola (caso contrário nunca teria jogado no Barcelona), qualidades que pecam em Paulo Oliveira e que provavelmente irão impedi-lo de se tornar num titular indiscutível numa equipa deste nível (apesar de outras valências). No entanto, trata-se de um jogador que já mostrou problemas físicos no passado, que exige um esforço financeiro considerável, e cujo fim da carreira, ao mais alto nível, já se encontra muito perto (cumpre 34 anos em Outubro). É pouco provável que o Sporting venha a ter retorno financeiro com o defesa e terá, idealmente ainda no decorrer desta época, de encontrar um central de qualidade que consiga potenciar no clube. Não somos favoráveis, por princípio, a contratações deste perfil, mas isso não nos impede de desejar duas épocas de bom nível no Sporting e que o clube aproveite a sua experiência para formar outros jovens jogadores.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Doumbia: o segundo...

O Sporting conhece muito bem Doumbia: em dois jogos de eliminatória para a fase de grupo da Liga dos Campeões, em 2015, o avançado costa-marfinense marcou três vezes pelo CSKA, mostrando-se decisivo para a qualificação da equipa russa. A partir da próxima época, fará companhia a Bas Dost, e torna-se na segunda contratação, neste defeso, com qualidade e estatuto para entrar de caras no onze inicial da equipa.

Doumbia tem características diferentes de Bas Dost, logo, traz um perfil que parece ter o suficiente para formar uma excelente dupla com o holandês: rápido, móvel, importante nas transições, é um tipo de segundo avançado a que Jesus se habituou nas suas épocas no Benfica e que, acima de tudo, marcou sempre muitos golos pelos clubes onde passou. Com os dois avançados ao melhor nível, Dost e Doumbia poderão trazer 50 golos à equipa numa só época: é essa a expectativa que o clube coloca nos jogadores e uma estatística que poderá aproximar o Sporting, de forma decisiva, da conquista do título.

A contratação de Doumbia traz outro sinal muito positivo da direcção: ao contrário dos últimos anos, o Sporting conseguiu bater a (forte) concorrência que existia pelo jogador, mostrando um nível de prospecção e, sobretudo, de capacidade financeira que é decisiva para um clube que deseja ser campeão (a mesma que faltou para trazer Mitroglou, por exemplo, para os lados de Alvalade). Em termos desportivos, cresce a concorrência para a frente de ataque, sobretudo quanto ao estatuto de Daniel Podence, que deverá surgir mais vezes nas alas. Com a chegada de (pelo menos) mais um extremo, reduz-se o espaço para Francisco Geraldes e Iuri Medeiros continuarem no clube, embora seja crível que Adrien, William ou Gelson possam não continuar em Portugal no próximo ano. Adivinham-se mais mexidas num mercado, como já dissemos, que poderá revolucionar o onze de Alvalade.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Bruno Fernandes: o primeiro

O jovem internacional e capitão da selecção sub-21 é o primeiro reforço do Sporting, para a nova época, com qualidade para entrar directamente no onze titular. Em termos técnicos, vem colmatar uma das maiores lacunas do plantel: alguém que consiga substituir Adrien no meio-campo e que, para além de unir as peças da equipa, traga golo nos pés e poder de remate fora da área. No perfil, é algo que mostra uma estratégia acertada por parte do scouting do clube (o que não deixa de ser refrescante): português, jovem, com enorme potencial, e com quatro épocas de experiência numa das ligas de maior exigência táctica no mundo (a Serie A). Fernandes é uma boa contratação e alguém com potencial para se tornar num símbolo do clube e numa futura grande venda (veremos se chegará a tal ponto, mas é essa a expectativa que o clube lhe coloca em cima, tal como se vê pela cláusula de 100 milhões). Por fim, a contratação mostra também que o Sporting está a entrar, finalmente, no campeonato financeiro dos seus concorrentes. Depois de Dost, Bruno Fernandes é a segunda contratação mais cara do clube, tendo ambos custado entre os 8 e 10 milhões de euros, valores normais para um candidato ao título. Pelos rumores do mercado, o Sporting não deve ficar por aqui, e parece procurar fechar jogadores que poderiam facilmente jogar nos seus rivais directos e estrangeiros, algo que poderá também indicar que Semedo não será a única venda do clube antes do início da época (e pela quantidade de extremos que vêm surgindo no radar, não nos surpreenderia uma saída de Gelson Martins). One down, more to go.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

As três primeiras contratações para 2017/18

O Sporting já apresentou três jogadores para a próxima temporada, um sinal de que a época já começou a ser planeada há muito (surpreendente seria se não o fosse) e de que o clube não deseja passar mais uma pré-época com um lote reduzido de jogadores (e surpreendente seria, atendendo aos hábitos de presidente e treinador, se não viessem vários outros até ao final do mês de Agosto).

André Pinto, a primeira contratação a ser anunciada, é um bom central da Primeira Liga e um jogador que deverá lutar pela titularidade. Apesar de outras lacunas gritantes no onze inicial, a irregularidade e inexperiência de Rúben Semedo regressaram em força este ano, o que, apesar de outras características que fizeram dele um dos centrais mais interessantes do ano transacto (velocidade, poder físico e saída de bola), e graças às quais muitos reclamaram uma primeira convocatória para a Selecção Nacional (e bem precisa, a Selecção, de uma nova geração de centrais), vieram a criar novos problemas na defesa do Sporting. Aqui, usamos o mesmo argumento da formação: um jogador com talento só evolui se jogar. No entanto, a posição de defesa-central é das mais críticas no que toca a experiência e o rigor táctico, percebendo-se que o clube queira reforçar as suas opções nessa zona do campo. O que desejamos é que Rúben Semedo aumente os índices de competitividade e a sua luta pela titularidade venha a ajudar não só o clube como o próprio jogador. André Pinto é bem-vindo a essa luta.

Ainda na defesa, Cristiano Piccini vem fazer concorrência a Schelotto no lugar de lateral-direito. Esta será, provavelmente, a contratação que levanta mais cautelas. Ao contrário do que a maior parte dos críticos indica - e perguntamo-nos até que ponto será válido fazer uma crítica a um jogador que nunca vimos jogar -, não nos insurgimos contra um valor como este (3 milhões de euros) por um lateral, uma posição que, hoje em dia, tem uma importância tão decisiva, dentro do jogo, como qualquer outra que exija condução, técnica ou organização (e um bom lateral, no mercado internacional, pode custar pelo menos o dobro). Piccini aparenta ter características semelhantes às que foram associadas a Schelotto no momento da sua chegada. Resta saber se tem capacidades técnicas superiores às do seu compatriota e se irá oferecer um maior envolvimento nas manobras colectivas ofensivas, lacunas gritantes que fazem para já, de Schelotto, uma opção de recurso para a exigência competitiva do Sporting.

Resta-nos aquela que será a contratação mais interessante, não só pelas exibições apresentadas na Primeira Liga como, também, pela jovem idade e potencial que apresenta em termos desportivos (o que também significa, hoje em dia, um potencial financeiro). Mattheus destacou-se no Estoril como um dos seus jogadores de maior capacidade técnica e poder de remate (e marca bem livres, uma das lacunas principais do plantel do Sporting - o jogador com maior talento no campeonato para fazê-lo esteve emprestado ao Boavista: Iuri Medeiros...). À partida, irá concorrer para o lugar de segundo avançado (logo, com Alan Ruiz e Daniel Podence), de extremo (Bruno César ou Bryan Ruiz), ou, arriscamos nós (e conhecendo as experiências de Jesus), para a posição 8, embora tenhamos dúvidas sobre as actuais capacidades físicas e de intensidade de jogo para fazê-lo no imediato. A contratação de Mattheus poderá também indicar a saída de algum jogador do plantel, e não nos espantaria se isso acontecesse no lado esquerdo do ataque ou mesmo no meio-campo.

Por fim, e em comum a estas três contratações, nenhuma delas parece representar uma entrada óbvia no onze inicial (sendo a posição de lateral direito a mais urgente - e aguardamos ainda uma solução para o outro flanco). Tal como já escrevemos, acreditamos que o clube tem soluções, dentro de casa, para lugares no ataque e no meio-campo (faltando, a nosso ver, um outro avançado que acompanhe Bas Dost e que permita, a Gelson Dala, uma primeira época a titular na Primeira Liga). Mas com os números desastrosos da defesa nesta época, urge encontrar soluções de qualidade técnica para entender os processos exigentes do treinador e participar no jogo colectivo da equipa. Fica a dúvida se o clube fará as contratações cirúrgicas para tal, de forma a enquadrar os jogadores da formação, ou se irá optar pela mesma atitude do ano passado, no mercado, que implicará um muito maior atraso no reforço das rotinas de jogo (e que muito ajudou à queda da equipa).