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domingo, 24 de setembro de 2017

7.ª jornada: Moreirense - Sporting (1-1)

A boa notícia que se retira deste empate é que os primeiros pontos perdidos, neste campeonato, foram apenas à sétima jornada (e num jogo fora), o que não deixa de ser um bom arranque. A má notícia é que ficam expostas algumas deficiências no plantel e, é preciso dizer, alguma má leitura na abordagem a este jogo. É preciso dizê-lo: os jogadores não são máquinas e, depois de um arranque de época intenso (bem mais do que os nossos rivais), Jorge Jesus tem de rodar a equipa para conseguir gerir a disponibilidade física dos seus jogadores, e antes de uma dupla jornada com Barcelona e Porto, o jogo fora com o Moreirense não podia apresentar o mesmo onze inicial que muitos dos jogos anteriores. No entanto, espera-se, também, que o treinador saiba tirar as devidas leituras deste jogo para o futuro.

Hoje percebe-se que o onze mais forte, do Sporting, é com William Carvalho e Battaglia nas zonas centrais do terreno e Bruno Fernandes mais próximo do ponta de lança. Quando o jogador argentino entrou em campo, o Sporting tornou-se uma equipa mais equilibrada e, também, mais perigosa. No entanto, a ausência de Fernandes (a exibição mais discreta da época), devido a substituição, fez com que o jogo se tornasse mais directo e menos esclarecido na recta final, não conseguindo o Sporting ganhar, também, por ter faltado a sorte que existiu nas últimas vitórias sofridas (e algumas arrancadas nos últimos momentos do jogo). Alan Ruiz continua a ser uma peça a menos na equipa, apesar da sua técnica, e Bruno César, na ala esquerda, traz um jogo mais previsível e menos criativo. Iuri Medeiros teve, infelizmente, uma exibição lamentável, daquelas em que os adeptos se perguntam onde é que anda a cabeça do jovem jogador. O jovem português tem um talento inegável com a bola nos pés, mas as suas primeiras exibições com a camisola do Sporting, e num contexto obrigatoriamente mais difícil do que nas equipas para onde foi emprestado, parecem mostrar que não se encontra ainda mentalmente focado. As suas perdas de bola nos últimos minutos do jogo, com tempo e espaço para assistir a equipa para um golo urgente, são difíceis de explicar para um jogador deste nível.

Esta é a primeira de duas peças que o Sporting precisa de encontrar no mercado de inverno: um extremo-esquerdo para lutar pelo lugar com Acuña. Mas já existe um jogador, no plantel, que traz o rasgo que a equipa necessita: Daniel Podence. O jovem português seria muito importante para tirar Alan Ruiz do onze titular, mas já o vimos jogar nas alas com perigo. Espera-se que Jesus voltar a apostar nele depois de ter recuperado da sua lesão: a equipa é mais perigosa com ele. Continuamos a depender de nós para cumprir os nossos objectivos, e é já na próxima jornada que poderemos ultrapassar o novo líder do campeonato.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (6), Coates (6), Mathieu (6), Coentrão (6), William (7), Bruno Fernandes (6), Bruno César (5), Gelson (6), Alan Ruiz (5), Bas Dost (5), Battaglia (6), Doumbia (5), Iuri Medeiros (4).

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Liga dos Campeões: Olympiakos - Sporting (2-3)

O Sporting fez aquilo que nenhuma equipa portuguesa fazia há mais de quarenta anos - vencer em casa do Olympiakos, um terreno tradicionalmente difícil -, sem fugir, contudo, à sua tradição sofredora (e quase deixando fugir uma vitória nos últimos momentos da partida, uma repetição daquilo que têm sido os últimos jogos). Jorge Jesus leu bem as deficiências defensivas do Olympiakos (enormes espaços vazios, no meio-campo defensivo, para poder explorar em contra-ataque) e lançou Doumbia (um golo e uma assistência) e Gelson (um golo), jogadores velozes e perigosos, como as principais referências da equipa. Bruno Fernandes, mais uma vez como elo criativo do meio-campo, deu muito a jogar à equipa, nas costas desses jogadores, e marcou pela quinta vez consecutiva (jogadores destes dão campeonatos), com William Carvalho a controlar e lançar operações com enorme autoridade e Battaglia, mais uma vez, a fazer uma pressão importante sobre o ataque adversário. 

Contra aquela que será uma das versões mais fracas da equipa grega nos últimos anos (o Feirense mostrou-se tacticamente mais culto e organizado do que a equipa grega, apesar de lhe ser inferior em qualidade individual), o Sporting só perdeu o controlo das operações à entrada dos descontos com dois golos do ex-bracarense Prado, muito por culpa (positiva) de Coates, que evitou males maiores em duas ocasiões anteriores na segunda parte (mais uma grande exibição e, desta vez, uma assistência, e que diferença faz, ao ataque da equipa, ter dois centrais que conseguem ser a primeira fase de construção), e, por razões opostas, de Jonathan Silva, que fez figura de fantasma perante o extremo da equipa grega (incompreensível a sua fraquíssima marcação, especialmente no último golo, onde recebeu valentes berros de Mathieu), e por uma das actuações mais fracas de Rui Patrício com a camisola do Sporting, mostrando uma insegurança (com bolas nos pés e entre postes) que já não lhe era conhecida. Críticas à parte, o Sporting fez uma exibição colectiva muito boa que lhe poderia ter dado, com um pouco mais de sorte, cerca de cinco ou seis golos de vantagem aos 90 minutos, o que demonstra a qualidade do seu jogo. Saímos da Grécia com uma demonstração clara de superioridade e de qualidade individual e com uma vitória que, em termos físicos, esperava-se bem mais desgastante. Mérito dos nossos jogadores e da estratégia montada pela equipa técnica.

Notas: Rui Patrício (5), Piccini (7), Coates (8), Mathieu (7), Jonathan Silva (4), William (8), Battaglia (7), Bruno Fernandes (8), Gelson (8), Acuña (7), Doumbia (7), Bas Dost (6), Bruno César (6), Ristovski (-).

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

4.ª jornada: Sporting - Estoril (2-1)

Nenhuma pessoa que tenha ido a Alvalade irá esquecer este jogo: em pouco menos de dez minutos, e numa altura em que a vitória já parecia mais do que garantida, o Estoril reduz o jogo para um golo de diferença, é anulado o terceiro golo ao Sporting e, imediatamente a seguir, o Estoril faz a festa do empate pouco antes do video-árbitro anular, mais uma vez, esse golo por fora-de-jogo. Uma montanha-russa de emoções, imprópria para cardíacos, mas que trouxe, com enorme euforia, um sentimento de verdade desportiva que tantas vezes parecia contrariado neste estádio. Estamos, sem dúvida, perante uma nova era no futebol, e o Sporting, com toda a justiça nas suas prestações, é líder no campeonato, à quarta jornada, com quatro vitórias em quatro jogos.

O jogo com o Estoril, em casa, era o último de um mês de ritmo infernal para os jogadores (seis jogos, dois deles decisivos para o resto da época, em três semanas). Jesus percebeu que os melhores tinham de jogar sempre, e ao contrário de épocas anteriores, cedeu menos à rotação que, na teoria, poderia funcionar mas que, na prática, implicaria uma equipa menos perigosa e de rotinas menos bem trabalhadas. Era determinante, por isso, conseguir marcar ainda na primeira parte para não correr atrás do prejuízo, mais tarde, com uma equipa em total quebra física. O ritmo baixo da segunda parte, com o Estoril a arriscar mais e a jogar bem (obrigado a contrariar aquele que seria o seu plano de jogo inicial), deveu-se, precisamente, ao nosso desgaste físico e mental, e os jogadores foram heróis na maneira como conseguiram, apesar de tudo, dar tudo o que tinham e não tinham para sair do campo com mais uma vitória no bolso.

Ainda não entrámos em Setembro e já nos arriscamos a dizer que há um antes e depois, no Sporting, com Bruno Fernandes. O jovem jogador marcou mais um golo fabuloso (um tremendo livre directo a 30 metros da baliza), esteve sempre presente tanto no ataque como na defesa, e parece ser o elemento que faltava, no jogo da equipa, a uma dupla (William e Adrien) que já vinha acusando algum desgaste (e pouca criatividade) no cumprimento das suas tarefas ofensivas. Curiosamente, o Sporting jogou sem os seus dois capitães, e Jesus encontrou, em Battaglia, um médio-defensivo à altura do seu "antigo" modelo de 6: uma muralha que sabota todas as linhas e toda a construção do adversário e que apresenta, de forma decisiva, um acrescento ao jogo aéreo da equipa (defensiva e ofensivamente, tendo ficado à beira de marcar o terceiro golo da equipa).

Sem ser tão vistoso como Fernandes ou Gelson Martins, outro jogador em claro crescendo na inteligência do jogo (a determinar o tempo de jogo, a assistir e a finalizar, e, também, a defender, tal como fez nesta jornada), Acuña já tem estatísticas importantes para quem acabou de chegar ao clube: quatro assistências e um golo (decisivo) que o tornam num jogador essencial na equipa (com muita presença, também, no jogo interior e nas manobras defensivas, embora tenha caído, fisicamente, na recta final da partida). Sobretudo, Acuña entende o jogo, sabe colocar a bola para o último remate, e não deixa, simplesmente, que a roubem dos pés em momentos de pressão, algo que não se pode dizer, da mesma maneira, de Alan Ruiz, um jogador inteligente e tecnicamente dotado mas que ainda apresenta lacunas importantes para o jogo do Sporting (fraca velocidade de execução, inexistência de pé direito para quem ocupa zonas centrais, e muitas perdas de bola sob pressão).

Na defesa, Piccini fez, finalmente, um bom jogo tanto a defender como a atacar, mostrando ser opção válida (nem que seja de recurso) para o resto da época. Mas os verdadeiros reforços, e que fazem com que o jogo do Sporting possa finalmente ser construído, com todas as condições, a partir da defesa, são Mathieu e Coentrão. Apresentámos reservas no momento da contratação do primeiro (devido a não corresponder ao perfil de jogadores que, acreditamos, possam render mais ao clube), mas não há como negá-lo: o jogador é, possivelmente, o melhor defesa-central a jogar em Portugal (ou, no mínimo, o mais completo), mostrando uma energia, visão e liderança, com e sem bola, que poderá elevar a equipa a um patamar mais alto. Coentrão vem ocupar, com experiência e talento, aquele que era um buraco negro na equipa do Sporting, formando uma dupla, nessa ala, que poderá tornar-se temível com o extremo argentino (onde ambos se complementam nas suas características - em teoria, até poderiam trocar de posição...).

Notas: Rui Patrício (6), Piccini (7), Coates (7), Mathieu (8), Coentrão (7), Battaglia (7), Bruno Fernandes (8), Gelson (7), Acuña (7), Alan Ruiz (5), Bas Dost (6), Petrovic (6), Bruno César (6), Iuri Medeiros (-).

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Liga dos Campeões (1.ª mão da eliminatória): Sporting - FCSB (0-0)

"Jogámos contra uma equipa ao nosso nível." (Jorge Jesus)

Confrangedora a qualidade do futebol do Sporting no terceiro ano de Jorge Jesus. Com um plantel suficiente para jogar um futebol eficaz e interessante, e com a obrigação de se impor a uma equipa nitidamente inferior neste acesso privilegiado à Liga dos Campeões (há equipas, neste momento, que não passam do meio da tabela, em Portugal, e que são mais perigosas do que esta equipa romena), o Sporting é incapaz de apresentar jogo interior (não há qualquer ligação, entre sectores, no momento da construção, excepto para atirar bolas para as faixas laterais) e de entregar bolas em condições ao seu ponta-de-lança. No entanto, e relendo as palavras do treinador depois do jogo (será que o presidente concorda?), tudo parece estar bem.

Jesus insistiu na inoperante dupla Battaglia/Adrien, entregando 67 minutos de avanço ao adversário (construção: zero). Com a permanência de Adrien em Alvalade, o Sporting arrisca-se a criar um problema no seu jogo por uma questão de balneário, pois é claro, para todos, que Fernandes é tecnicamente superior ao capitão da equipa. Com um primeiro médio mais fraco, com bola, do que William Carvalho, o Sporting precisa da técnica e criatividade de Fernandes, a segundo médio, como de pão para a boca. Não assumi-lo é o primeiro passo para uma época perdida.

Piccini revelou as suas limitações: uma perda de bola comprometedora (estamos com uma média de uma por jogo) e uma técnica de cruzamento que, com todo o espaço do mundo, consiste em fazer um chapéu para a área. No entanto, é justo dizer que Coentrão fez pior exibição, com momentos de desconcentração e perdas de bola que só se justificam por uma péssima forma física. Vamos ver Jonathan Silva ainda muitas vezes esta época. Mathieu, na defesa, foi o melhor elemento (apesar de uma última perda de bola no fim do jogo), mostrando muita velocidade, muita coesão com bola, e liderança dentro de campo (fazendo uma dupla forte com Coates). A Gelson, não se pode pedir mais (vai carregando a equipa às costas), e Podence, apesar de discreto, ofereceu a melhor oportunidade de jogo a Acuña, que só não concretizou por azar (o remate saiu muito forte e colocado, embatendo no poste antes de sair pela linha). Doumbia pouco trouxe em vez do jovem português: mais presença na área, mas sem definição.

Jesus pede aos seus jogadores para repetirem movimentos e passes vezes sem conta, e sem criatividade (excepto nas alas), sem fazer com que a bola chegue aos momentos de finalização, no centro do campo, em boas condições. É difícil entender como é que um treinador conhecido por essas características de jogo venha a oferecer, pela segunda época consecutiva, um tipo de jogo que em tudo contraria aquilo que o Sporting precisa de criar para concretizar os seus objectivos. A época promete ser longa, e o Sporting prepara-se para defrontar 60 mil adeptos romenos, em Bucareste, que tudo farão para fazer tremer a equipa. Quanto ao seu adversário, não precisa de maior motivação.

Notas: Rui Patrício (8), Piccini (5), Coates (7), Mathieu (7), Coentrão (4), Battaglia (5), Adrien (4), Gelson (6), Acuña (6), Podence (5), Bas Dost (4), Doumbia (4), Bruno Fernandes (6), Iuri Medeiros (5).

sábado, 12 de agosto de 2017

2.ª jornada: Sporting - Vitória de Setúbal (1-0)

Não pude ver o jogo, mas pelo resumo televisivo e pela leitura de crónicas e análises, não foi difícil perceber que esta foi (mais) uma vitória sofridíssima em Alvalade. Ao contrário do que tinha anunciado José Couceiro, o Setúbal não se mostrou interessado em jogar futebol e optou por enfiar-se dentro da grande área durante os 90 minutos. É frustrante ver a falta de ambição e o mau futebol que as equipas pequenas continuam a praticar, em Portugal, quando jogam contra as equipas candidatas ao título. O futebol fica a perder.

Ao ver o onze inicial ainda antes do início da partida, já se adivinhavam as dificuldades que poderiam surgir durante o jogo. Um meio-campo composto por Battaglia e Adrien (a jogar, neste momento, por uma questão de estatuto) retira muita capacidade técnica e criativa, com bola, ao jogo da equipa, um factor decisivo quando se tem um adversário apenas interessado em defender o zero a zero. Sem William, o futuro de um Sporting eficaz está num meio-campo com Adrien a 6 e Bruno Fernandes, ao seu lado, na posição 8 (ou Battaglia, a 6, com Bruno Fernandes ao seu lado). Apesar de não ter concretizado as suas oportunidades, percebeu-se a importância que Doumbia tem nestes jogos para furar difíceis muralhas. Falta-lhe apenas um golo para ganhar a confiança necessária e tornar-se num jogador essencial neste campeonato. Não espantaria, ainda assim, que o Sporting trouxesse mais um avançado com golo, algo que Podence, neste momento, ainda não oferece à equipa (e muito defendemos a utilização deste enorme jovem jogador).

O Sporting acabou por ter a sorte do jogo, mas não vale a pena contar com ela para todos os duelos difíceis que iremos encontrar em casa. É preciso construção e criatividade desde trás, algo que William trazia, primorosamente, na primeira fase do jogo com bola. Com a sua saída, se importa trazer físico ao meio-campo, convém não esquecer o enorme valor que trazia, igualmente, ao jogo interior, à mudança rápida de flancos, à acutilância dos passes no momento de encontrar espaços certos para a última decisão e a finalização. E o único substituto à altura está em Bruno Fernandes, alguém que irá trazer tudo isso na posição de 8 e que pede, ao seu lado, a muralha defensiva de Battaglia ou um recuo de Adrien para um lugar mais defensivo, onde a sua disponibilidade física e agressividade certamente se fará valer e onde poderá, inclusivamente, construir os últimos anos da sua carreira.

Resta sublinhar a boa exibição de Mathieu (e a sua capacidade de liderança, trazendo finalmente a sua experiência para dentro de campo), assim como os zero golos sofridos em dois jogos do campeonato. Quase que temos vontade de citar outros treinadores e dizer: "o caminho faz-se caminhando...". Terça-feira há mais.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

1.ª jornada: Aves - Sporting (0-2)

Num jogo ainda a ritmo de pré-época (lento e conservador no ritmo), o recém-promovido Desportivo das Aves acabou por ser o arranque ideal para cimentar rotinas no grupo, exibir maior segurança a defender e maior coesão entre sectores, e poder voltar a casa com uma vitória motivadora, no arranque do campeonato, com zero golos sofridos (quantas vezes conseguimos essa estatística na época passada?). O Sporting manteve sempre o controlo da operações da partida, com excepção de um par de erros defensivos de Piccini na faixa direita (que se mostrou seguro, no entanto, no trabalho com Gelson) e nos últimos minutos da primeira parte, quando inexplicavelmente deu a bola ao Aves numa altura em que o seu guarda-redes se encontrava lesionado em campo, à espera que a bola não lhe chegasse à baliza (e já depois de ter sido assistido pela equipa médica).

Apesar do pouco ritmo competitivo, Jesus deu os lugares centrais do meio-campo à dupla William/Adrien, puxando Bruno Fernandes para um lugar menos confortável de segundo avançado (deixando Podence no banco). Como esperado, a exibição tanto de Adrien e Fernandes foi intermitente, com o primeiro a resguardar-se para tarefas mais defensivas (com vários passes errados e perdas de bola na construção atacante) e o segundo sem grande entrosamento com os jogadores à sua volta (mas, ainda assim, bastante envolvido no ataque da equipa, com um bom remate que quase inaugurou o marcador).

Embora os dois golos tenham vindo de Gelson Martins, a grande figura da equipa foi Acuña: muita solidariedade e força a defender, muita inteligência e talento a atacar (uma boa assistência, em esforço, para o primeiro golo, e alguns remates muito perigosos a meia-distância), e muita presença no jogo interior da equipa. O extremo argentino promete ser, sem dúvida, um reforço essencial para o resto do campeonato. Podence, a entrar na segunda parte, mexeu com o jogo numa altura em que o Aves já sentia uma maior quebra física, e ofereceu um passe a rasgar a defesa (como vem sendo hábito quando participa no jogo) que Bas Dost (incrivelmente) não soube aproveitar. Com Podence em campo, o jogo do Sporting muda muito e aceita o elemento de risco que, muitas vezes, não está disposto a correr na maior parte do tempo. Destaque ainda para a boa entrada de Battaglia, um jogador que oferece músculo e uma segurança defensiva que muita falta nos fez na época passada.

A próxima jornada é já na sexta-feira, em casa, contra o Vitória de Setúbal (às 20h30), poucos dias antes da primeira mão de um playoff de acesso à Liga dos Campeões que, contra todas as expectativas, se tornou favorável às nossas aspirações. Todas as condições estão reunidas para termos um início de época que pode engatar a equipa para uma boa série de resultados.

Notas: Rui Patrício (7), Piccini (6), Coates (8), Mathieu (7), Coentrão (7), William (8), Adrien (6), Gelson (7), Acuña (8), Bruno Fernandes (6), Bas Dost (6), Podence (7), Battaglia (7).

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A questão dos três centrais

Jesus jogou pelo seguro (afinal, os resultados da pré-época também são importantes) e colocou William a jogar a central em vez de Palhinha ou do promissor Demiral (jovem da equipa B). Ao lado de Tobias (muito inseguro, ainda, para ser opção no Sporting), William distribuiu segurança e classe, com e sem bola, na última linha defensiva da equipa, mostrando que é opção mais do que válida para o lugar em caso de lesões ou castigos (o "tampão" Battaglia e a inoperância ofensiva da Fiorentina também ajudou a manter a baliza limpa, o que serve para relembrar o bom trabalho de Paulo Sousa à frente da equipa italiana).

Jesus poderá ter ficado ainda mais tentado em voltar a experimentar o 3-5-2 como sistema táctico (com William a terceiro central). No entanto, e mais do que uma questão táctica, coloca-se aqui uma questão estratégica para o treinador. Depois de dois anos em que apenas venceu uma Supertaça (e de um segundo campeonato desastroso), Jesus deverá também colocar todas as fichas nas rotinas já estabelecidas da equipa desde que assumiu o seu comando. Com um plantel que nos parece superior e mais bem preparado do que na época anterior, a equipa ganha confiança a explorar as rotinas conhecidas por (quase) todos, em dar lugar aos jogadores mais rápidos e criativos na construção e no ataque, e em deixar, pelo menos para já, algumas experiências que precisem de mais tempo e maior adaptação para momentos de maior confiança. O Sporting aposta forte, no mercado, para vencer rapidamente, pelo que o treinador deverá também acompanhar esse raciocínio e explorar as soluções mais eficazes. Nesse ponto, e com excepção de previsíveis adaptações a adversários mais exigentes, acreditamos que Jesus irá obedecer ao mesmo desejo de vencer.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Um primeiro balanço ao plantel e à pré-época

1. O sistema de três centrais está para ficar. No entanto, sem rotinas e sem jogadores com qualidade para cumprir as exigentes funções deste modelo (nomeadamente os laterais), nunca este modelo estará suficientemente preparado para se impôr como a primeira opção no jogo do Sporting.

2. Os "maus resultados", tendo em conta a experiência do ano passado (que parece em tudo igual à desta época, com ligeiras melhorias este ano) não são nenhuma surpresa (vários jogos com equipas de nível igual ou superior num curto espaço de tempo). Fez bem Jorge Jesus em preparar, sobretudo, um onze que estará o mais próximo possível daquele que teremos no início da época (que está, devido à pré-eliminatória para a Liga dos Campeões, bem mais próxima para o Sporting do que para qualquer outro clube nacional).

3. O mais preocupante está na insistência em jogadores que estão em campo unicamente por cumprirem, à risca, a rotina que é treinada durante a semana. Isto não é, em si, um problema para a equipa (caso contrário estaríamos a contrariar toda a lógica do futebol), mas torna-se nisso mesmo quando os jogadores escolhidos são os menos imprevisíveis e criativos do plantel. Olha-se para o jogo da equipa e vemos isso: trocas de bola com base no treino e pouca consequência na decisão. O insucesso do Sporting, tanto quanto os seus problemas defensivos, deveu-se na aposta recorrente em jogadores que pouca criatividade traziam do meio-campo para a frente, e nestes jogos de pré-época (sobretudo contra o Marselha), foi nítida a diferença entre ter Bruno César e Alan Ruiz em campo, atrás de Bas Dost, ou uma dupla como Matheus Pereira e Podence (ou ainda, pela sua capacidade em colocar a bola na área em excelentes condições de finalização, alguém como Iuri Medeiros). A chave do Sporting está, precisamente, em saber cumprir o modelo do treinador e oferecer-lhe, depois, visão e criatividade, algo que só poderá vir pelas características dos jogadores. E é neste último ponto que Jorge Jesus, por querer o controlo dos acontecimentos do jogo, parece ainda não ceder totalmente (apesar da sua aposta em Gelson, para quem deixa sozinho essa liberdade). Há que arriscar!

*

Piccini: Apesar de melhorar jogo a jogo, parecem faltar características, ao jogador, que tornem o jogo do Sporting mais eficiente em todos os seus momentos (como é exigido a um candidato ao título). Mais perpicaz que Schelotto (prefere envolver-se com a equipa em vez de iniciar cavalgadas rumo à linha de fundo), falta-lhe técnica no momento de segurar a bola, no um para um, e no cruzamento para a área.

André Geraldes: Um jogador de Primeira Liga mas sem lugar no plantel do Sporting.

Mathieu: Já demonstrámos a nossa oposição a este tipo de contratações. A chegada de Mathieu seria muito positiva se trouxesse consigo a experiência de quem entende, no imediato, os princípios com que uma equipa deste nível precisa de jogar (princípios tão básicos como o controlo da profundidade e a marcação à zona). Mas o que se viu, em todos os jogos da pré-época, foi uma incompreensão destes mesmos, no momento do jogo, e que serviu para comprometer a equipa em pelo menos metade dos golos sofridos. Mais um problema para Jesus, quando deveria ser o contrário.

André Pinto e Tobias Figueiredo: Pouco vimos, mas um deles deverá lutar pela posição de terceiro central antes da chegada de mais um jogador para esta zona do terreno (apostamos num novo empréstimo de Tobias). Paulo Oliveira saiu do Sporting por não querer renovar o seu contrato e André Pinto parece ser um jogador que oferece o mesmo tipo de garantias (não são suficientes para o onze titular). 

Fábio Coentrão: Um claro upgrade na ala esquerda, deverá ser um merecido dono do lugar se não sofrer nenhuma lesão durante a época (algo que, pelo historial recente, não parece garantido).

Jonathan Silva: Mostra os típicos defeitos de um jovem defesa da liga argentina, ou seja, demasiada agressividade e pouco envolvimento nos processos globais da equipa. Não é solução para o onze titular.

Petrovic: Uma das boas surpresas da pré-época, embora deixe ainda a desejar nos momentos sem bola. Boas iniciativas de construção, embora esteja bem mais confortável em jogos com espaço, sem ter um opositor a fazer pressão (o que será fatal nos jogos de maior exigência).

Battaglia: Uma presença defensiva que será muito útil ao longo da época (e que faz muito falta ao Sporting), mas poucas garantias em termos de construção.

Palhinha: Bem defensivamente, precisa de um jogador ao seu lado, no meio-campo, que se encarregue da construção da equipa (um perfil diferente, portanto, de William Carvalho, a quem se espere que não saia do plantel).

Bruno Fernandes: A melhor contratação do Sporting neste defeso e um jogador preparado para entrar no onze inicial no lugar de Adrien (cuja eventual saída vemos menorizada no plantel).

Mattheus Oliveira: Parece render mais na zona central do terreno. Ainda pouco adaptado ao jogo da equipa, mostra técnica mas pouco risco para posições mais adiantadas. Uma opção para o banco, mas ainda atrás dos nossos jovens da formação.

Iuri Medeiros: Um jogador que, mesmo que não sendo titular, parece essencial, pelo seu perfil, ao plantel principal do Sporting. Talvez o primeiro jogador do clube, em muitos anos, que nunca falha uma bola para a área (e numa equipa que sofre muitas faltas, há muitos jogos difíceis que acabam por se ganhar com livres aparentemente inofensivos). Talento no controlo de bola, em espaço curto, e paciência para a construção, assim como grande capacidade para colocar a bola em momentos de finalização.

Francisco Geraldes: Um jogador que não parece contar para Jorge Jesus mas cuja inteligência e compreensão do jogo é indesmentível. Merece um lugar no plantel pelo seu talento e a objectividade que o seu jogo traz na construção.

Ryan Gauld: Zero minutos na pré-época, parece bem fora das contas de Jorge Jesus.

Matheus Pereira: A criatividade deste jogador não encontra paralelos no plantel. O seu efeito no ataque, consequentemente, é imediato. Seria a nossa aposta pessoal para o onze inicial.

Podence: Titular, já!

Doumbia: Parece concorrer, neste momento, para ser a sombra de Bas Dost, mas as suas características são muito importantes para romper as muitas defesas que vamos encontrar enfiadas dentro da área.

Gelson Dala e Leonardo Ruiz: O primeiro merece um lugar no plantel, o segundo deverá regressar à equipa B ou ser emprestado.

*

Aqui está o plantel, tal como o idealizamos (26/27 jogadores):

Guarda-redes: Rui Patrício, Beto, Pedro Silva.

Defesas: Novo lateral-direito, Piccini; Coates, Mathieu, André Pinto, novo central; Fábio Coentrão, novo lateral-esquerdo.

Meio-campo: William Carvalho, Palhinha, Battaglia; Bruno Fernandes, Mattheus Oliveira, Francisco Geraldes.

Extremos: Gelson Martins, Iuri Medeiros; Matheus Pereira, Acuña.

Avançados: Podence, Alan Ruiz, Bruno César; Bas Dost, Doumbia, Gelson Dala.

E um onze titular:

Rui Patrício; Novo lateral/Piccini, Coates, Novo central; Fábio Coentrão; William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Matheus Pereira; Podence, Bas Dost.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Petrovic, o reforço inesperado (e o meio-campo, ou a segunda revolução no Sporting)

É cedíssimo, ainda, para tirar conclusões a partir de um primeiro jogo de pré-época, mas tal como o Lateral Esquerdo explica (e bem, como sempre), o Sporting parece estar a ganhar um reforço para o meio-campo e alguém que, surpreendentemente, poderá entrar na luta pela titularidade com uma possível saída de William Carvalho: Petrovic. No mesmo post, podemos notar as primeiras dificuldades de Battaglia e Mattheus em acompanhar as dinâmicas ofensivas, no esquema de Jesus, e a ocupação dos espaços com bola (algo que se resolve, essencialmente, com treino). Jesus também parece estar a preparar, e bem, um Sporting sem William e sem Adrien, dois jogadores cuja saída do clube poderá estar mais ou menos alinhavada. Mas mais ainda do que isso, Jesus vai provavelmente testar, em todos os jogos de preparação, um esquema de três centrais (algo que se demonstra, também, no mesmo post), e que poderá abrir a porta a elementos como Francisco Geraldes (fingers crossed), enquanto terceiro médio, na zona mais próxima do ponta-de-lança.