Não pude ver o jogo, mas pelo resumo televisivo e pela leitura de crónicas e análises, não foi difícil perceber que esta foi (mais) uma vitória sofridíssima em Alvalade. Ao contrário do que tinha anunciado José Couceiro, o Setúbal não se mostrou interessado em jogar futebol e optou por enfiar-se dentro da grande área durante os 90 minutos. É frustrante ver a falta de ambição e o mau futebol que as equipas pequenas continuam a praticar, em Portugal, quando jogam contra as equipas candidatas ao título. O futebol fica a perder.
Ao ver o onze inicial ainda antes do início da partida, já se adivinhavam as dificuldades que poderiam surgir durante o jogo. Um meio-campo composto por Battaglia e Adrien (a jogar, neste momento, por uma questão de estatuto) retira muita capacidade técnica e criativa, com bola, ao jogo da equipa, um factor decisivo quando se tem um adversário apenas interessado em defender o zero a zero. Sem William, o futuro de um Sporting eficaz está num meio-campo com Adrien a 6 e Bruno Fernandes, ao seu lado, na posição 8 (ou Battaglia, a 6, com Bruno Fernandes ao seu lado). Apesar de não ter concretizado as suas oportunidades, percebeu-se a importância que Doumbia tem nestes jogos para furar difíceis muralhas. Falta-lhe apenas um golo para ganhar a confiança necessária e tornar-se num jogador essencial neste campeonato. Não espantaria, ainda assim, que o Sporting trouxesse mais um avançado com golo, algo que Podence, neste momento, ainda não oferece à equipa (e muito defendemos a utilização deste enorme jovem jogador).
O Sporting acabou por ter a sorte do jogo, mas não vale a pena contar com ela para todos os duelos difíceis que iremos encontrar em casa. É preciso construção e criatividade desde trás, algo que William trazia, primorosamente, na primeira fase do jogo com bola. Com a sua saída, se importa trazer físico ao meio-campo, convém não esquecer o enorme valor que trazia, igualmente, ao jogo interior, à mudança rápida de flancos, à acutilância dos passes no momento de encontrar espaços certos para a última decisão e a finalização. E o único substituto à altura está em Bruno Fernandes, alguém que irá trazer tudo isso na posição de 8 e que pede, ao seu lado, a muralha defensiva de Battaglia ou um recuo de Adrien para um lugar mais defensivo, onde a sua disponibilidade física e agressividade certamente se fará valer e onde poderá, inclusivamente, construir os últimos anos da sua carreira.
Resta sublinhar a boa exibição de Mathieu (e a sua capacidade de liderança, trazendo finalmente a sua experiência para dentro de campo), assim como os zero golos sofridos em dois jogos do campeonato. Quase que temos vontade de citar outros treinadores e dizer: "o caminho faz-se caminhando...". Terça-feira há mais.