O Sporting fez aquilo que nenhuma equipa portuguesa fazia há mais de quarenta anos - vencer em casa do Olympiakos, um terreno tradicionalmente difícil -, sem fugir, contudo, à sua tradição sofredora (e quase deixando fugir uma vitória nos últimos momentos da partida, uma repetição daquilo que têm sido os últimos jogos). Jorge Jesus leu bem as deficiências defensivas do Olympiakos (enormes espaços vazios, no meio-campo defensivo, para poder explorar em contra-ataque) e lançou Doumbia (um golo e uma assistência) e Gelson (um golo), jogadores velozes e perigosos, como as principais referências da equipa. Bruno Fernandes, mais uma vez como elo criativo do meio-campo, deu muito a jogar à equipa, nas costas desses jogadores, e marcou pela quinta vez consecutiva (jogadores destes dão campeonatos), com William Carvalho a controlar e lançar operações com enorme autoridade e Battaglia, mais uma vez, a fazer uma pressão importante sobre o ataque adversário.
Contra aquela que será uma das versões mais fracas da equipa grega nos últimos anos (o Feirense mostrou-se tacticamente mais culto e organizado do que a equipa grega, apesar de lhe ser inferior em qualidade individual), o Sporting só perdeu o controlo das operações à entrada dos descontos com dois golos do ex-bracarense Prado, muito por culpa (positiva) de Coates, que evitou males maiores em duas ocasiões anteriores na segunda parte (mais uma grande exibição e, desta vez, uma assistência, e que diferença faz, ao ataque da equipa, ter dois centrais que conseguem ser a primeira fase de construção), e, por razões opostas, de Jonathan Silva, que fez figura de fantasma perante o extremo da equipa grega (incompreensível a sua fraquíssima marcação, especialmente no último golo, onde recebeu valentes berros de Mathieu), e por uma das actuações mais fracas de Rui Patrício com a camisola do Sporting, mostrando uma insegurança (com bolas nos pés e entre postes) que já não lhe era conhecida. Críticas à parte, o Sporting fez uma exibição colectiva muito boa que lhe poderia ter dado, com um pouco mais de sorte, cerca de cinco ou seis golos de vantagem aos 90 minutos, o que demonstra a qualidade do seu jogo. Saímos da Grécia com uma demonstração clara de superioridade e de qualidade individual e com uma vitória que, em termos físicos, esperava-se bem mais desgastante. Mérito dos nossos jogadores e da estratégia montada pela equipa técnica.
Notas: Rui Patrício (5), Piccini (7), Coates (8), Mathieu (7), Jonathan Silva (4), William (8), Battaglia (7), Bruno Fernandes (8), Gelson (8), Acuña (7), Doumbia (7), Bas Dost (6), Bruno César (6), Ristovski (-).