Há duas leituras claras dos resultados das eleições do Sporting. A primeira é que João Benedito, tendo tido mais votantes do que número de votos (logo, os sócios mais jovens), conseguiu convencer aqueles que são o futuro do clube. A segunda é que, ainda assim, e olhando para a totalidade dos resultados, a maioria do universo sportinguista preferiu entregar as mãos do clube a alguém que conhecia a actual estrutura e que apresentou, mais do que uma filosofia ou uma mudança de paradigma no funcionamento no Sporting, medidas objectivas que apontam a um trabalho de continuidade e de melhoramento das lacunas que foram identificadas na actual realidade. Frederico Varandas ganharia, muito provavelmente, uma segunda volta nestas eleições, e a sua eleição sai, por isso, não com uma sensação de divisão mas de união à volta do seu projecto.
O melhor desta noite de eleições foi isso mesmo: as excelentes declarações tanto de João Benedito, mostrando o seu apoio total à lista escolhida pelos sócios, como as de Frederico Varandas, que pediu a João Benedito para se manter próximo da vida do clube. Esse é o primeiro grande sinal de força do Sporting para o presente e futuro: um presidente eleito que, pelo seu conhecimento interno da estrutura e da realidade de trabalho que viveu nos últimos anos, pode oferecer (pelo menos) uma transição eficaz entre a administração destituída e a seguinte (seja quando for), reforçando os alicerces de um clube que sofreu um dos maiores terramotos da sua história. O apelo de Varandas a Benedito tem a sensibilidade e inteligência de perceber exactamente isso: que o futuro de um Sporting forte só existirá com essa atitude e abertura no presente, e que ele será a ponte, também, para quem irá sucedê-lo com um projecto que, podendo ser diferente, encontrará, provavelmente, uma fundação mais sólida para funcionar melhor.
O primeiro sinal, depois desta noite, não podia ter sido melhor. O sucesso da actual direcção será o de todos os sportinguistas, tal como João Benedito entendeu e soube dizê-lo nas suas palavras. É um ambiente de salutar e que nos dá esperanças quanto ao presente e futuro de um clube que sempre se pautou pela divisão. O séc. XXI sportinguista, para já, se se mantiver o espírito de colocar o clube à frente dos interesses pessoais, tem tudo para funcionar. Assim esperemos. De nossa parte, estaremos sempre na bancada para apoiar. Viva o Sporting!